terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

2019 será bom ano para países emergentes, aposta especialista


O economista Armando Castelar, coordenador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), acredita que 2019 será um bom ano para os países emergentes. Não necessariamente pelo prisma comercial, mas, pelo menos, do ponto de vista financeiro. “Tem tudo para ser um ano interessante, como foram 2016 e 2017”, diz.

Foto: Minervino Junior

Castelar não acredita que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, aumentará a taxa de juros nos próximos meses, o que é um bom sinal para a economia brasileira. Quando o Fed aumenta a taxa de juros, os EUA ficam mais atraentes para investidores. Assim, recursos que hoje são aplicados em países emergentes, como o Brasil, passam a ser direcionados à economia norte-americana. Com essa possibilidade longe do radar, o cenário deve ser positivo para os emergentes, como vinha desde outubro, acredita o economista.

A dúvida é até que ponto dá para confiar nos direcionamentos do governo norte-americano. Afinal, a volatilidade “foi a marca de 2018”, diz Castelar. O exemplo mais simbólico, segundo ele, foi o recente “cavalo de pau” do Fed em relação ao assunto. Até dezembro do ano passado, o banco central dos EUA tinha uma posição “bastante agressiva” em defesa do aumento da taxa de juros este ano. Mas surpreendeu com uma mudança de postura “de 180 graus”, no fim de janeiro, lembra o economista.

Para ele, a mudança de postura do Fed mostra que “tudo pode mudar daqui a pouco”. Não se sabe até onde vai a “paciência” do banco, argumento para não ter aumentado a taxa de juros na última reunião. A volatilidade que marcou 2018 pode, portanto, se manter em 2019, considera Castelar. “É importante guardar em mente que, do mesmo jeito que 2018 começou muito bem e depois ficou ruim, pode ser que também em 2019 as coisas virem pó”, pondera.

Pressões

Por isso, embora acredite que não há sinais de que os Estados Unidos devam subir os juros em breve, Castelar não se arrisca a garantir esse posicionamento. Pelos dados macroeconômicos do país, há espaço para aumento: os juros estão em 2,5% ao ano, o Produto Interno Bruto (PIB) continua crescendo e, nos últimos meses, o desemprego caiu mais do que os economistas previam. “Também teve um aumento salarial, que ainda não pressiona muito, mas de 3,2% de valorização”, comenta.

Não é à toa que, do ponto de vista internacional, um “grande risco” é de que a inflação americana pressione o mercado de trabalho e que haja um “novo cavalo de pau do Fed”, afirma Castelar. Queda do desemprego e alta na inflação abrem espaço para alavancar a taxa de juros. Sobre a relação dos Estados Unidos com a China, ele acredita que haverá um acordo comercial, mas não o fim da briga entre os países. “É um problema para 20, 30 anos. Não para dois ou três meses”, explica.

A lista de principais riscos que a economia brasileira enfrentará este ano inclui possíveis frustrações com a reforma da Previdência, diz Castelar. Apesar de considerar a medida “totalmente essencial”, ele acredita que a estratégia do governo de “ir com tudo ou nada” para o Congresso pode ser ótima ou dar errado.

Ele lembra que o governo não quis fazer um presidencialismo de coalizão. Primeiro, montou ministérios sem indicações, e só depois foi buscar os partidos. Isso gera preocupação porque, ao não fazer acordo com os partidos, ele pode ter problemas em comissões, por exemplo. “A vantagem é que, na coalizão, tem que entregar coisas para avançar. Se não fez acordo, não tem que entregar. Mas pode chegar lá, na hora, e não conseguir o número de votos que são necessários”, pondera.

Sinais

Por enquanto, os sinais são bons. As eleições da Câmara e do Senado este ano influenciam as expectativas de forma positiva. Ao conseguir emplacar os candidatos que gostaria, o governo saiu ganhando — um bom sinal para as pautas de reequilíbrio fiscal prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro. “Isso, obviamente, é um sinal positivo, do ponto de vista das reformas”, afirma Castelar. Ter aliados no comando do Congresso não é uma garantia de aprovação das matérias, mas é “melhor isso do que ter perdido”, completa.

Ele também pontuou que a alta do preço de ativos é a principal razão para a confiança estar subindo no Brasil. Em janeiro, o movimento “foi muito positivo”, com alta na bolsa de valores acima de outros países. Além disso, os juros a longo prazo caíram muito, e os títulos do Tesouro subiram. “Também porque existe muito otimismo com o novo governo. Mas a gente sabe que, quando o dólar cai e a Bolsa sobe, todo mundo fica mais otimista”, comenta Castelar.




Via: Diário de Pernambuco

Por: Simone Novaes

Simone Novaes

Simone Novaes: Nova blogueira

            A Locutora, repórter e mestre de cerimônias Simone Novaes, traz mais uma novidade ao seu gigantesco curriculum: Blogu...