Cantora celebra 15 anos de carreira musicalno
recém-lançado Todas as Cores
Alex Santana/Divulgação
Mulher, negra, bissexual, gorda, independente e feliz.
Todos esses adjetivos proibitivos em uma sociedade marcada pela opressão e
cerceamento das liberdades individuais tornaram a cantora Preta Gil uma
referência sobre o empoderamento no universo da música e da moda. Celebrando 15
anos de carreira musical, a artista hasteia novamente as faixas da diversidade
e do direito à expressão individual em seu novo disco, Todas as cores. Com dez canções
inéditas, o álbum une referências sonoras de diversas partes do país e traz
parcerias com nomes como Gal Gosta, Pabllo Vittar e Marília Mendonça.
Segundo Preta, o conceito do álbum se formou como uma
consequência do processo de pesquisa das músicas e arranjos das harmonias,
galgado ao longo de 12 meses. "Eu fui recebendo músicas muito distintas e
fui gravando sem querer me podar. Essa sou eu, eu sempre cantei a pluralidade
da música. É uma coisa que está no meu DNA. E aí, quando a gente acabou o
álbum, ele tinha essa personalidade, que eu acredito ser muito expressiva: de
sonoridades múltiplas e esse colorido", explica sobre o disco, que conta
com composições de Seu Jorge, Pretinho da Serrinha, Felipe Escandurras,
Leonardo Reis, Juliano Tchula, Ana Carolina e do produtor musical especializado
em funk Batutinha, que assina a direção musical.
Um dos destaques do álbum é também, para a artista, um dos
mais emocionantes: o encontro com sua madrinha de batismo, Gal Costa, na bela
faixa Vá se benzer. "É um
encontro muito especial, porque ela é minha maior referência como cantora. Ela
me batizou, me viu dar os primeiros passos, foi a pessoa que me pegou no colo.
E eu esperei 15 anos para convidá-la porque eu nunca tinha me sentido à vontade
para isso. Mas, quando eu ouvi esta música, eu imaginei muito ela cantando. E
tinha também a necessidade de, nesse momento em que estou debutando na música,
ter uma mãe do meu lado para me dizer 'Eu sou assim, me diga quem é
você'", conta, emocionada sobre a participação de Gal no que chama de
"rebatismo".
Na última quinta-feira, a cantora lançou o videoclipe da
faixa. Em menos de 24 horas, o vídeo foi retirado do ar pelo YouTube. No
Facebook, o deputado federal Jean Wyllys denunciou o ocorrido, alegando que o
conteúdo teria sido alvo de "denúncias de perfis falsos e verdadeiros que
vêm atacando conteúdos relacionados à defesa da diversidade e das liberdades
individuais pela internet". Preta acrescentou: "Hoje a gente vive em
um mundo no qual as pessoas julgam, apontam, criticam. E a essência da gente é
a perfeição, é ser quem a gente é. Apesar de eu ter lutado todos esses anos por
tantas coisas, vivemos agora um momento de retrocesso, de contramão. É preciso
se reafirmar, dizer quem você é".
A cantora, que desde o início da carreira protagonizou
importantes discussões contra a LGBTTfobia, gordofobia e racismo, comentou
sobre a importância de se abordar estas temáticas. "Me senti muito só,
foram 15 anos de de muito sofrimento. E hoje você vê o empoderamento no
discurso de muitas mulheres, independentemente de ser famosa ou não. Ao me
defender, ao querer ter o direito de ser quem eu sou, eu levantei muitas
bandeiras. E ao lutar por mim, eu lutei por muitas outras", celebra.
Via: Diário de Pernambuco
Por: Simone Novaes
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