terça-feira, 14 de novembro de 2017

Preta Gil enfrenta a censura e a intolerância em novo disco


Cantora celebra 15 anos de carreira musicalno recém-lançado Todas as Cores

Alex Santana/Divulgação

Mulher, negra, bissexual, gorda, independente e feliz. Todos esses adjetivos proibitivos em uma sociedade marcada pela opressão e cerceamento das liberdades individuais tornaram a cantora Preta Gil uma referência sobre o empoderamento no universo da música e da moda. Celebrando 15 anos de carreira musical, a artista hasteia novamente as faixas da diversidade e do direito à expressão individual em seu novo disco, Todas as cores. Com dez canções inéditas, o álbum une referências sonoras de diversas partes do país e traz parcerias com nomes como Gal Gosta, Pabllo Vittar e Marília Mendonça.


Segundo Preta, o conceito do álbum se formou como uma consequência do processo de pesquisa das músicas e arranjos das harmonias, galgado ao longo de 12 meses. "Eu fui recebendo músicas muito distintas e fui gravando sem querer me podar. Essa sou eu, eu sempre cantei a pluralidade da música. É uma coisa que está no meu DNA. E aí, quando a gente acabou o álbum, ele tinha essa personalidade, que eu acredito ser muito expressiva: de sonoridades múltiplas e esse colorido", explica sobre o disco, que conta com composições de Seu Jorge, Pretinho da Serrinha, Felipe Escandurras, Leonardo Reis, Juliano Tchula, Ana Carolina e do produtor musical especializado em funk Batutinha, que assina a direção musical. 

Um dos destaques do álbum é também, para a artista, um dos mais emocionantes: o encontro com sua madrinha de batismo, Gal Costa, na bela faixa Vá se benzer. "É um encontro muito especial, porque ela é minha maior referência como cantora. Ela me batizou, me viu dar os primeiros passos, foi a pessoa que me pegou no colo. E eu esperei 15 anos para convidá-la porque eu nunca tinha me sentido à vontade para isso. Mas, quando eu ouvi esta música, eu imaginei muito ela cantando. E tinha também a necessidade de, nesse momento em que estou debutando na música, ter uma mãe do meu lado para me dizer 'Eu sou assim, me diga quem é você'", conta, emocionada sobre a participação de Gal no que chama de "rebatismo".



Na última quinta-feira, a cantora lançou o videoclipe da faixa. Em menos de 24 horas, o vídeo foi retirado do ar pelo YouTube. No Facebook, o deputado federal Jean Wyllys denunciou o ocorrido, alegando que o conteúdo teria sido alvo de "denúncias de perfis falsos e verdadeiros que vêm atacando conteúdos relacionados à defesa da diversidade e das liberdades individuais pela internet". Preta acrescentou: "Hoje a gente vive em um mundo no qual as pessoas julgam, apontam, criticam. E a essência da gente é a perfeição, é ser quem a gente é. Apesar de eu ter lutado todos esses anos por tantas coisas, vivemos agora um momento de retrocesso, de contramão. É preciso se reafirmar, dizer quem você é".

A cantora, que desde o início da carreira protagonizou importantes discussões contra a LGBTTfobia, gordofobia e racismo, comentou sobre a importância de se abordar estas temáticas. "Me senti muito só, foram 15 anos de de muito sofrimento. E hoje você vê o empoderamento no discurso de muitas mulheres, independentemente de ser famosa ou não. Ao me defender, ao querer ter o direito de ser quem eu sou, eu levantei muitas bandeiras. E ao lutar por mim, eu lutei por muitas outras", celebra.

Via: Diário de Pernambuco






Por: Simone Novaes
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