Por BBC
Pesquisa
realizada com 2,3 mil participantes de oito países, entre eles o Brasil,
conclui que as pessoas ficam mais satisfeitas com a vida se experimentam as
emoções que almejam, mesmo sejam sentimentos desagradáveis
As pessoas são mais felizes quando são capazes de se
expressar emocionalmente, mesmo que sejam sentimentos desagradáveis, como raiva
e ódio, aponta um novo estudo.
A pesquisa foi realizada com 2,3 mil
estudantes universitários de Brasil, Estados Unidos, China, Alemanha, Gana,
Polônia, Israel e Cingapura.
Os cientistas questionaram os
participantes sobre quais emoções eles almejavam sentir e o que de fato
sentiam. Depois, compararam isso com a forma como avaliavam seus níveis de
felicidade e satisfação com a vida.
Os resultados indicam que a
felicidade "é mais do que simplesmente sentir prazer ou evitar dor".
Os pesquisadores descobriram que,
quanto mais as pessoas têm os sentimentos que esperam, maior é sua satisfação,
"mesmo que sejam emoções negativas", esclarece a líder do estudo,
Maya Tamir, da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel.
Felicidade em xeque
Surpreendentemente,
a pesquisa aponta que 11% dos estudantes querem sentir menos emoções positivas,
como amor e empatia, enquanto 10% desejam ter sentimentos negativos, como ódio
e raiva.
"Se uma pessoa não sente raiva
quanto lê sobre um caso de abuso infantil, ela pensa que deveria estar sentindo
isso naquele momento e deseja experimentar essa emoção em ocasiões assim",
explica Tamir.
A cientista também dá como exemplo
uma mulher que quer deixar um parceiro abusivo e não se sente capaz de fazer
isso. Ela pode considerar que seria mais feliz se o amasse menos.
Anna Alexandrova, do Instituto de
Bem-estar da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, diz que a pesquisa
coloca em xeque nosso conceito tradicional de felicidade como um equilíbrio
entre emoções positivas e negativas.
Limitação
Mas a pesquisa
tem a limitação de só incluir ódio e raiva entre os sentimentos ruins, destaca
a pesquisadora.
"Ódio e raiva podem ser
compatíveis com a felicidade, mas não há indícios de que outras emoções
desagradáveis, como medo, culpa, tristeza e ansiedade, são", diz
Alexandrova.
Tamir afirma que os resultados do estudo não se aplicam a quem tem um
diagnóstico de depressão: "Pessoas assim querem se sentir mais tristes e
menos felizes do que as outras".
Ela explica que a
pesquisa lança uma luz sobre os aspectos negativos de se ter uma constante
expectativa de ser feliz.
"Pessoas
querem ser felizes o tempo todo nas culturas ocidentais. Mesmo que elas se
sintam bem quase sempre, elas podem pensar que deveriam se sentir ainda melhor,
o que pode torná-las menos felizes."
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